Notícias da Flipelô 2023

Diógenes Moura lança O Pinguelo Rígido – Um Surto Baiano na FLIPELÔ

Crédito das fotos para Daniel Kfouri

O curador de fotografia, editor e escritor baiano Diógenes Moura lança no dia 12 de agosto seu livro, O Pinguelo Rígido – Um Surto Baiano. A convite da Flipelô e Exu de Dentro, o lançamento acontece a partir das 16h, no Museu Eugênio Teixeira Real – Memorial do Banco Econômico, na Rua do Açouguinho, 01 Pelourinho. Nessa noite ele conversará com o editor Igor Albuquerque.

Escrito entre 2015 e 2023, O Pinguelo Rígido – Um Surto Baiano, constrói uma polaroide urbana com textos precisos, a partir de cenas que o autor presenciou nas ruas de Salvador, cidade que conhece desde o dia 2 de julho de 1971, quando, vindo do Recife, chegou com sua família para viver no bairro da Liberdade.

Com uma narrativa repleta de personagens reais, ao lado da ficção poética e limítrofe sempre presente na obra do autor, O Pinguelo Rígido – Um Surto Baiano também diz sobre a violência embutida nas ruas da cidade; as cenas absortas dentro dos hotéis; o aluguel dos palácios tombados pelo patrimônio histórico para “eventos” feito pelos Exu de Dentro apresenta 1 / 3 carnegões da casa grande; a cadeira elétrica infra-humana que carrega os animais para o abate na feira de São Joaquim; os últimos dias de Kelly Cyclone, a Dama do Pó; a exploração do homem do ferro que trabalha dentro de um dos arcos da Ladeira da Conceição da Praia: “Corre, homem bafio! Desce as escadas que levam ao mar e conta para suas parceiras que vivem lá por baixo, às bordas do contorno da avenida, que amanhã outra mulher vai levar a filha à escola para ver se a menina não se torna uma mulher bafio, uma mulher espectro, uma mulher exumada, uma mulher carniça antes da porra do carnaval chegar e pronto: arregaça bala, faca, garrafa quebrada no corpo da menina para roubar qualquer nada e a menina cai sem vida na porta do palácio, logo cedo”.

No livro, entre violência e paixão, o escritor deixa claro o seu incômodo com os turistas e/ou agregados que, vindos em grande parte do Sudeste do país, chegam à cidade para, em menos de uma semana, se tornarem filhas ou filhos de santo, entre outros detalhes de intimidade perversa e sintomática: “Vosmicê quer tirar uma foto comigo, é? Então pague.

Não estou aqui fantasiada de “baiana típica” para fazer parte da paisagem do Pelourinho, não, viu? Quer a minha agonia colorida para postar no Instagram? Então pague. Quer usar o meu corpo preto para sair por aí dizendo que somos um povo alegre: painho, mainha, meu rei? Meu rei, um caralho! A minha sofreguidão não cabe dentro da tela do seu celular”.

Para esses e aqueles, Diógenes Moura criou o termo Cheiradores de Axé e uma série de verbetes a partir de expressões que pertencem à linguagem popular: “O Boca-de-zero-nove: aquele que vai almoçar ou jantar uma “moqueca desconstruída” em alguma comunidade que virou moda à beira-mar (trema o vale, povo da Gamboa!), pede para não colocar coentro porque pode vomitar desleixos e sai dizendo que pobre- -dendê deve, sim, sonhar acordado, sem tomar banho de folhas”. Com sua dicção peculiar, sua geografia humana muito particular e uma escrita concisa e abundante em acontecimentos, O Pinguelo Rígido – Um Surto Baiano faz um retrato veloz, realista e tragicômico de uma cidade devastada pela alegria, sempre de braços abertos para ser explorada física e mentalmente, sobretudo nas fatídicas temporadas de verão. 2 / 3 Na apresentação do livro, o editor Igor de Albuquerque, escreve: “Sob o sol negro brilhando visgo, soa nas ruas uma voz que cavalga no lombo das bestas pingueludas da destruição.

Voz escrita – alcaloide – a única que até agora foi capaz de, enfim, pôr em prática o processo de zumbificação definitivo do turista, do cheirador de axé. Vocês irão entender muito bem quando, nas ruas claras do Santo Antônio Além do Carmo, cruzarem com aquele sorriso-wanna-be-influencer: sinta logo a morrinha do morto-vivo antes dele sair rastejando cidade abaixo. Diz a voz. E quando perguntarem o que havia de bom, de belo, de justo, lembremos sempre que, antes da queda, da boca-de-se-fudê, da imolação, antes de morrerem, de morrermos, essa gente esteve viva. Desmedidamente viva”.

Diógenes Moura é escritor, curador de fotografia, roteirista e editor. Morou durante 17 anos em Salvador. Vive em São Paulo desde 1989. Em dezembro de 2022 publicou Minhocão (Editora Noir, contos, 120 págs), um livro devastador sobre solidão e desespero às margens do maior viaduto de São Paulo. Com Vazão 10.8 – A Última Gota de Morfina (2021, romance, Vento Leste Editora, 104 págs.) entrou na lista dos Semifinalistas do Prêmio Oceanos 2022. Com 12 livros publicados entre romance, contos, crônicas, ensaios e poesia, com O Livro dos Monólogos – Recuperação para Ouvir Objetos (2018, ensaios, Vento Leste Editora, 198 págs), também foi Semifinalista do Prêmio Oceanos 2019. Em 2010 recebeu o Prêmio APCA (Associação Paulista dos Críticos de Arte) com Ficção Interrompida – Uma Caixa de Curtas (Crônicas, Ateliê Editorial, contos, 112 págs), também finalista do Prêmio Jabuti 2011. O selo Exu de Dentro foi criado pelo autor para publicar seus escritos quando, onde, e como quiser. Diógenes Moura escreve sobre abismo, imagem e abandono

FLIPELÔ 2023
Realização da Fundação Casa de Jorge Amado, em correalização com o Sesc, a FLIPELÔ 2023 é apresentada pelo Ministério da Cultura e pelo Grupo CCR, por meio do Instituto CCR, realizada na região da CCR Metrô Bahia, com patrocínio da Prefeitura de Salvador, do Governo do Estado da Bahia, do Banco do Nordeste do Brasil, da Bahiagás e da Suzano, apoio da ITS Brasil, do Colégio Oficina e do Senac, apoio de mídia da Rede Bahia, do IRDEB – Instituto de Radiodifusão Educativa da Bahia e do  Ponto Outdoor e apoio institucional da Academia de Letras da Bahia. Produção da Sole Produções.

Assessoria de Imprensa da FLIPELÔ – Doris Pinheiro – 71 98896-5016 com Iven Vit,  Roberto Aguiar e Rosana Andrade

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